62 – O homem nu

Sílvio Proença, pesquisador apaixonado por música brasileira, casado, 45 anos, está a caminho de São Paulo para o lançamento de seu livro sobre folclore. Proença viaja a contragosto, por insistência de seu editor, deixando no Rio sua jovem esposa, Marina. No aeroporto, encontra um grupo de músicos e antigos companheiros de copo, acompanhados de Marialva, uma linda mulher, sobrinha do bandolinista do grupo.

Uma tempestade de verão atrasa o vôo e retém no aeroporto Proença e o grupo de músicos que improvisam um sarau regado a choro e cerveja. Na alegria do reencontro com os amigos, Proença perde a viagem e o caminho de casa. O sarau prossegue no apartamento de Marialva, onde o nosso herói se entrega à música e aos encantos da morena até se reencontrar no dia seguinte, nu, numa cama em desalinho, depois de uma ardente noite de amor.

Tentando recompor na memória os fragmentos da noite passada com Marialva, Proença anda sem rumo pelo apartamento, abre a porta de entrada, vê o embrulho de pão no corredor e arrisca dois passos para pegá-lo.

A porta bate com um golpe de vento, deixando Proença do lado de for a do apartamento, num prédio que não conhece, sem conseguir entrar e completamente nu. O pânico o conduz do corredor do prédio para o elevador, do elevador para a rua. Este é apenas o início de uma louca e frenética maratona.

A notícia de que há um homem despido atacando todo mundo se alastra pela cidade. Repórteres, equipes de TV e rádio saem às ruas, entrevistando as pessoas que o viram. O homem nu, a esta altura é visto em toda parte.

Terrorista, dizem uns, está armado com granada, um tarado sexual, dizem outros.

Nu e solitário, acossado por multidões vestidas, Proença é jogado em situações ao mesmo tempo hilariantes e dramáticas na obstinada tentativa de chegar em casa, tão distante e tão aconchegante.

A polícia se mobiliza para prender o ‘maníaco’, que, escondido num esgoto, exausto e faminto como bicho, só aguarda que escureça, para tentar fugir do cerco, acabar com aquele pesadelo e chegar em casa. Quando, finalmente, chega em seu prédio e toca a campainha de casa… descobre que o pesadelo não terminou!

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