Escrivão da Polícia Federal torna-se Juiz Federal. Como realizar um sonho? – 16.07.13

Mais uma exemplo a ser seguido! Parabéns Dr. Carlos Eduardo… Quem sabe eu também não siga este mesmo caminho…

Escrivão -> Analista Judiciário e Juiz Federal!

O sonho virou realidade

Foram noites e feriados dedicados a longos estudos, 12 horas por dia de preparação, muito apoio e paciência da família, para que o Escrivão de Polícia Federal (EPF), Carlos Eduardo da Silva Camargo, vencesse mais um desafio em sua vida: passar no concurso e se tornar Juiz Federal da 3ª Região em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Ele assumirá o cargo na próxima semana e novamente se dedicará a um curso interno.

Carlos Eduardo da Silva Camargo tem 40 anos, é formado em Direito e trabalhou no IBGE em 1991. Em 1992, ingressou como Escrivão na Polícia Civil de São Paulo. Continuou se preparando até chegar ao cargo de Escrivão da Polícia Federal em 1995. Desde então trabalhou com afinco na PF completando um ciclo que durou17 anos.

Em sua despedida, não faltaram abraços e elogios ao colega que inicia mais uma etapa de vida profissional.

“Foi maravilhoso trabalhar com ele no tempo da Fazendária. Conheço o Carlos há 16 anos e desde então o vejo lutando para conquistar esse sonho de se tornar juiz. Eu o admiro como pessoa e profissional, pois é um homem correto e justo”, comenta a escrivã e amiga de Camargo, Glauce L. N. Marins.

“Carlos Eduardo tem minha admiração principalmente por ter sido um chefe que pensava primeiro em sua equipe”, ressaltou o Escrivão da PF e amigo,Jefferson Simões (foto).

Acompanhe a entrevista abaixo:

SINDPOLF/SP: O seu sonho sempre foi se tornar juiz federal?

Carlos E. Camargo: Não tinha o sonho de seguir qualquer carreira em específico, todavia, com o passar do tempo, percebendo que poderia contribuir mais com a sociedade de acordo com o potencial que acreditava que possuía, passei a ter em mente a vontade de alcançar o posto de delegado ou Juiz Federal. De acordo com os acontecimentos da vida, foi ficando mais clara a magistratura federal; e o que imaginava ser algo inalcançável, foi ficando palpável conforme eram superadas as etapas do penoso processo de aprendizado.

SINDPOLF/SP: Para alcançá-lo o que foi necessário?

Carlos E. Camargo: Qualquer que seja o concurso creio que é fundamental ser comprometido com o objetivo. Estipular metas de estudo e não de resultado. Acreditar no que está fazendo, mesmo face às inúmeras decepções que certamente ocorrerão durante o percurso.

Já dizia a bíblia que não há como servir a dois reis ou dois senhores. É possível e necessário conciliar trabalho e estudo, mas os prazeres deverão ser postos de lado momentaneamente.

O candidato deve adaptar sua vida à nova meta. A título de exemplo, eu acordava às 04 horas todos os dias (terça a sábado); estudava na hora do almoço e no ônibus durante o trajeto de ida e volta entre Jundiaí e São Paulo, resultando entre 4h30 e 6h horas de estudo diários. Já aos sábados, feriados e férias, conseguia estudar entre 10h e 12h horas diárias.

Família e religião são apoios imprescindíveis. Desconfie daqueles que alardeiam que se sagraram vitoriosos por seus exclusivos esforços.

SINDPOLF/SP: Podemos realizar nossos sonhos?

Carlos E. Camargo: Em relação a concurso público nem sempre os sonhos são materializados. Pode acontecer de a pessoa fazer tudo que estava ao seu alcance por anos e não conseguir galgar o pretenso cargo. Estudar é muito mais difícil do que qualquer trabalho, tudo é mais atraente do que se debruçar sobre uma matéria; mas tenho para mim que o esforçado tem mais chances de ser bem sucedido do que o inteligente. Mesmo que a aprovação não venha – o que não deixa de ser frustrante – é preciso ter paz de espírito de que você fez o seu melhor.

SINDPOLF/SP: É uma mudança radical, não acha? Como vê a adaptação para esta mudança?

Carlos E. Camargo: Com certeza será uma guinada na minha vida e, como qualquer mudança, sinto-me um pouco inseguro pelo desconhecido da nova atividade. Justamente por isso, me dedicarei ao máximo para bem aproveitar a escola que o Tribunal irá disponibilizar e pedirei sempre a proteção de DEUS para, dentro das normas legais, me conceder sabedoria necessária a fim de trazer a paz e justiça social para os casos que me forem apresentados.

SINDPOLF/SP: Como se sente em deixar a PF depois de tanto tempo?

Carlos E. Camargo: Com bastante tristeza. Fiz excelentes colegas nestes anos todos; indiferentemente se eram delegados, escrivães, agentes, peritos, papiloscopistas, administrativos, contratados, estagiários ou auxiliares na manutenção do prédio. Tratar bem a todos cria um ambiente menos agressivo no seu local de trabalho. Temo que a reverência que a sociedade tem pelo cargo de juiz, acabe afastando este contato sadio que tinha com a maioria das pessoas.

SINDPOLF/SP: Além da realização profissional, o que mais impulsiona um servidor a trocar de carreira?

Carlos E. Camargo: Talvez seja a falta de perspectiva a partir do momento em que a pessoa alcança a última classe de seu cargo, o que se dá precocemente no âmbito do Departamento de Polícia Federal. Conforme já defendi em tese apresentada em 2005 quando do meu curso para o acesso à Classe Especial, entendo que deveria ser criado um mecanismo onde o servidor sempre teria a possibilidade de avançar na carreira, desde que assim queira; todavia, a correspondente melhoria salarial se daria pela meritocracia, mediante o aperfeiçoamento profissional constante a ser demonstrado nos resultados das investigações em que participa.

SINDPOLF/SP: Qual a maior dificuldade que encontrou dentro da Polícia Federal?

Carlos E. Camargo: Sou muito agradecido pelo Departamento de Polícia Federal. Graças a ele, pude manter minha família com dignidade, além de poder me programar para usufruir da melhor forma possível as férias e licenças que tive direito para alcançar meus objetivos. Por outro lado saio consciente que tanto a Instituição quanto eu estamos quites, posto que cumpri com esmero e respeito meu dever.

SINDPOLF/SP: O que pretende encontrar a partir de agora como juiz? Quais os desafios profissionais e pessoais?

Carlos E. Camargo: Espero encontrar mais trabalho, responsabilidade e cobrança do que já enfrento, mas isso nada mais é do que o fruto de minha própria opção.

O maior desafio é manter a qualidade do meu trabalho no âmbito do Poder Judiciário, área na qual não possuo qualquer noção de como se dá o seu cotidiano. Para tanto, dispensarei a mesma dedicação que tive para ingressar no cargo para não decepcionar na nova missão.

Já no âmbito pessoal é manter a conciliação entre trabalho e o sadio convívio familiar que já tenho e tanto prezo.

SINDPOLF/SP: Pretende utilizar sua experiência na PF, em seu novo trabalho? Como?

Carlos E. Camargo : Com certeza, principalmente se for designado a atuar em uma vara criminal, posto que esteja plenamente familiarizado com o ambiente policial em seus mais diversificados aspectos.

Caso seja responsável por outras matérias, espero que a experiência na chefia de cartórios seja um início para mais rapidamente me ambientar quanto aos trâmites de uma secretaria judicial.

SINDPOLF/SP: Que mensagem deixaria para seus antigos colegas?

Carlos E. Camargo: Exerçam com dignidade a profissão que escolheram. Lembrem-se de que superaram milhares de pessoas para estarem onde estão. Sejam transformadores de seus ambientes de trabalho; desconsiderem os maus humorados e pessimistas, eles sempre existirão, mas nunca serão a maioria.

No ambiente de trabalho, entre o interesse particular e o público, este sempre deve prevalecer, pois somente com o trabalho digno o servidor tem condições de usufruir das benesses que o bom salário lhe proporciona.

SINDPOLF/SP: Uma mensagem para o Sindicato:

Carlos E. Camargo: É explícita a bíblia quando diz que se uma casa fica dividida contra si mesma, ela não poderá ficar de pé. Assim, é imprescindível superar nossas próprias divergências internas, para em seguida buscar a conciliação externa (…)

Há que se explorar outros alvos; criar incentivos às pessoas que assumem chefias de cartório, NOs e outras responsabilidades, mas principalmente reascender o sentimento de autoestima de todos, pois a Polícia Federal de hoje é como nosso cérebro, o qual só utilizamos 20% de suas possibilidades e sequer conhecemos as restantes.

Fonte: SINDPOLF/SP – Escrito por Marcio Gerente

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